Virtualização com KVM para a plataforma IBM POWER

Juntamente com o anúncio dos novos processadores POWER8, a IBM revelou sua nova aposta no campo da virtualização – uma solução alternativa para a plataforma POWER baseada no KVM, convenientemente chamada de PowerKVM.

KVM é uma tecnologia de virtualização integrada ao Kernel Linux que, com o apoio das extensões de virtualização dos processadores x86 atuais, permite executar máquinas virtuais com desempenho equivalente ou superior às principais tecnologias de mercado, incluindo o VMware, Xen e Hyper-V. O KVM confia no QEMU para emulação dos outros componentes necessários para a execução de uma máquina virtual (BIOS/firmware, disco, rede, portas seriais, etc).

O novo produto está disponível para toda a família de servidores IBM POWER Scale-out com processadores POWER8. Estes servidores foram desenvolvidos para cargas de trabalho que necessitam de escalabilidade horizontal, onde as aplicações Linux aparecem como alternativa para fornecer uma pilha completa para Cloud Computing, desde o hypervisor (KVM) até o gerenciamento (OpenStack).

A IBM já possui sua própria tecnologia de virtualização, chamada PowerVM. Além de estabilidade e desempenho para execução de ambientes de missão crítica, o PowerVM possui uma série de recursos avançados. Exemplos são: migração a quente (Live Partition Mobility), NPIV, SR-IOV, compartilhamento e compactação de memória.

Ainda incipiente, a tecnologia baseada em KVM deixa a desejar em alguns aspectos. A instalação é relativamente complexa, a ferramenta de gerenciamento – chamada Kimchi – não possui os recursos para competir com outras soluções proprietárias e o único sistema operacional suportado é o Linux para a plataforma POWER.

As principais opções de distribuições suportadas são:

  • Red Hat Enterprise Linux 6.5 ou superior
  • SUSE Linux Enterprise 11 SP3 ou superior
  • Ubuntu 10.04 ou superior

A seguir uma tabela comparando os recursos suportados por ambas tecnologias:

Recurso IBM PowerVM IBM PowerKVM
Microparticionamento Sim Sim
DLPAR Sim Parcial
Suporte SR-IOV Sim Não
Storage Pool Compartilhado (SSP) Sim Sim
Migração a quente Sim Sim
Compressão de memória Sim (Active Memory Expansion) Não
Compartilhamento de memória Sim (Active Memory Deduplication) Sim (Kernel Same Page)
NPIV Sim Não
Licença Proprietária Open Source
PCI passthrough Sim Sim
Hardware suportado Todos os sistemas IBM POWER Apenas os sistemas IBM Scale-out (POWER8)
Sistemas operacionais suportados AIX, IBM i, Linux Linux

Comparação entre o IBM PowerVM e IBM PowerKVM

Outras considerações a respeito desta versão inicial do PowerKVM:

  • Não pode ser gerenciado pelo HMC
  • Não possui suporte ao protocolo SPICE
  • Suporta apenas um subconjunto de adaptadores de I/O
  • Apenas um sistema operacional poderá ser executado no host (hospedeiro). Não suporta multi-boot.

Alguma chance de termos suporte ao AIX no PowerKVM? Logicamente que isso irá depender da evolução do produto. A medida que ele se torne uma alternativa com estabilidade e segurança equivalentes ao do PowerVM, pode se tornar uma estratégia interessante permitir a execução do AIX.

E quanto ao Microsoft Windows? Não. Pelo menos não oficialmente. Mesmo existindo a possibilidade do QEMU fazer a emulação do conjunto de instruções x86 para POWER, a exigência da emulação total tornaria o sistema lento demais para ambientes de produção.

Apesar da limitação de apenas executar o Linux, a redução de custo da solução PowerKVM é um atrativo para as empresas que desejam executar seus sistemas baseados em Linux em uma plataforma mais confiável, e além disso tirar proveito das soluções de Cloud Open Source.

A estratégia da IBM é evidente. Ao aproximar sua plataforma destas tecnologias Open Source, ela não quer reinventar a roda, e sim aproveitar todo o ecossistema em torno do Linux, KVM e OpenStack, para somar as já conhecidas vantagens destes softwares à estabilidade e desempenho dos processadores POWER. Tem tudo para dar certo.

Referências

Vaughan-Nichols, Steven (11-04-2014).Linux KVM Virtualization comes to IBM Power servers soon. ZDnet. Acessado em 26-06-2014.
Alkalay, Avi (17-04/2014).Microsoft Windows na plataforma Power com KVM e QEMU. IBM developerWorks. Acessado em 26-06-2014.
Cascardo, Thadeu, L et al. Redbook – IBM PowerKVM Configuration and Use. IBM, 2014.

Um comentário sobre “Virtualização com KVM para a plataforma IBM POWER

  1. Heitor, parabéns pelo post. Ficou bem enxuto

    Quanto a IBM liberar AIX no PowerKVM, não acredito que isso irá ocorrer. O PowerKVM faz todo sentido quando a se falar de Cloud mais eficiente, no sentido de ter menos metros quadrados de datacenter para manter o mesmo índice de performance alcançado pelo Intel. Analisando nosso mercado, onde até mesmo as PowerLinux enfrentam estranhamento e tiveram vendas muito aquém do esperado (mesmo com incentivos de preços melhores que Intel, tanto em TCA como TCO), não creio que veremos PowerKVM com facilidade em clientes. Por outro lado, à medida que os orquestradores evoluírem e suportarem PowerKVM, talvez vejamos casos de aplicações na nuvem com essas máquinas.

    Outro ponto fundamental é o consórcio OpenPower. A IBM está mirando novos mercados, e ter players como Google investindo em Power dará fôlego à plataforma

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